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A STRAPA*, Síndrome da Transitoriedade Profissional Adquirida é um distúrbio do comportamento que se manifesta através de uma crise de identidade, que pode ser passageira ou tornar-se crônica.
Acomete pessoas, principalmente as que trabalham em órgãos oficiais da administração pública marcados por forte hierarquização, e caracteriza-se por sentimentos de inferioridade que levam ao esvaziamento da identidade profissional enquanto vinculada a cargos considerados inferiores, ou intermediários na disposição do quadro geral da carreira, com conseqüentes episódios de baixa auto-estima e alheamento aos principais fatores de interesse pessoal, como os que buscam melhores condições de trabalho e melhorias salariais, inclusive.
Observa-se com freqüência nos afetados um distanciamento e desinteresse por tudo que possa representar o espírito de corpo da classe profissional a qual pertencem, porque isto, em suas fantasias reducionistas, os estaria vinculando a um grupo profissional inferior, ao qual desenvolvem uma refração de contornos nitidamente paranóicos.
Sonhos e desejos de grandeza são sempre benéficos à própria evolução humana quando vinculados apenas a sentimentos contidos numa razoável concepção do real, pois através deles, fazemos de nossa trajetória existencial um caminho ascensional sempre em busca do aprimoramento e aperfeiçoamento.
O problema surge quando o indivíduo se deixa abater por inquietações que estão representadas em fantasias cujo manancial de estímulos parte de uma sociedade de consumo violentamente hierarquizada em estágios profissionais renhidamente disputados e o afeta em sua transitoriedade quando permanece por anos a fio tentando superar-se através de aprovação em concursos para um cargo superior, levando-os ao desinteresse diante das demandas mais prementes da categoria a qual pertencem.
Alguns até conseguem superar esse bloqueio, mas muitos hão de bater-se com essa transitoriedade profissional adquirida durante toda a vida, até o esgotamento total de suas referências idealizadas de ascensão, decaídas no vórtice das possibilidades vencidas, como um vencido, já que não há vitória suficiente a contemplar a todos!
Então, caros colegas, façamos “barulho” por nossos direitos!
*Na verdade, a STRAPA não existe em nenhum manual ou guia de doenças psicossomáticas ou mentais. A criei apenas para servir de apoio literário ao conteúdo da mensagem e para reforçar-lhe o seu caráter de validade, como a vejo.
Luiz Carlos de Moraes e Silva
Técnico Judiciário
Servidor do TRT 7ª Região e cedido à Justiça Federal de São Paulo/SP
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