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Saúde

28 de março de 2009 / Ver outras notícias: Ver todas

Mais de 20% das crianças brasileiras com menos de 5 anos apresentam quadro de anemia. Essa é uma das conclusões da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), financiado com recursos do Ministério da Saúde.

O levantamento também analisou a deficiência de vitamina A e constatou a doença em 17% das crianças pesquisadas. Já a anemia em mulheres em idade fértil atingiu um índice ainda maior que o encontrado em crianças: 29,9%. No caso de deficiência de vitamina A entre mulheres, o índice nacional se fixou em 12,3%.

O Nordeste foi a região que apresentou os índices mais alarmantes de anemia entre crianças com menos de 5 anos e mulheres em idade fértil. Das crianças nordestinas analisadas, 25,5% apresentaram quadro de anemia. Já entre as mulheres com idade entre 15 e 39 anos, o índice de anemia atingiu 39,1%.

Já em relação à deficiência de vitamina A em crianças, o Nordeste, com 19%, divide a preocupação com a região Sudeste que apresentou um índice de 21,6%, fato que intrigou o Ministério da Saúde, pelo fato de a região Sudeste apresentar índices de desenvolvimento mais alto que outras regiões do país. 

“O resultado do Nordeste já era esperado, os estudos já demonstravam essa situação vinculada ao problema de acesso a alimentos e de problemas na variedade da dieta. Já em relação ao Sudeste, ainda precisamos fazer um estudo mais aprofundado. É uma região que enseja novas ações que serão discutidas com os gestores de saúde dos estados da região. É um caso a ser analisado com mais cuidado. Será necessário desenvolver ações específicas voltadas para essa região”, destacou a coordenadora de Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcelos.

A pesquisa traz dados de 2006 e, embora esse levantamento já tenha sido realizado em 1986 e em 1996, é a primeira vez que o estudo contou com a análise do perfil nutricional do país por meio da análise laboratorial do sangue coletado de mais de 15 mil mulheres e 5 mil crianças, moradoras das cinco regiões brasileiras. 

Devido à falta de dados, o Ministério da Saúde reconhece que não tem como verificar se a situação melhorou ou piorou, mas afirma que o levantamento servirá de base para ampliar as políticas de saúde. Essas políticas, atualmente, reforçam a necessidade de fortificação da farinha de trigo e milho com ferro e ácido fólico, substâncias utilizadas para o combate à anemia, além da distribuição nos postos de saúde de doses de vitamina A e sulfato ferroso para gestantes em pré-natal e crianças.

“Até então não tínhamos estudos nutricionais que demonstrassem qual era o cenário nacional dessas doenças, que são a de maior prevalência no mundo. Essas doenças geram manifestações clínicas importantes como cegueira, atraso no desenvolvimento cognitivo, resposta imunológica diminuída diante de infecções, além de outros agravos que podem levar à morte”, destacou Ana Beatriz Vasconcelos.

Para a coordenadora, a situação de anemia registrada entre crianças no Brasil ocupa uma posição intermediária de acordo com os índices catalogados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que assinala um índice de 20% a 39% para essa parcela da população. Já no caso das mulheres nordestinas, a situação é pior, e o país apresenta índices mais críticos.

“O Brasil se situa em níveis moderados de acordo com a classificação adotada internacionalmente. Mas se observamos a situação das mulheres do Nordeste, já podemos observar que a região está saindo um pouco do nível moderado e entrando no nível grave”, observou.

A pesquisa demonstrou ainda que a anemia é maior entre as mulheres negras e em crianças com idade inferior a 24 meses. “Acreditamos que essa incidência tem muita influência no processo alimentar após o período de desmame ou de aleitamento. Isso demonstra a necessidade de uma orientação maior no período de inclusão de novos alimentos”, destacou Ana Beatriz.

Fonte: Agência Brasil


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