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Mais de 20% das crianças brasileiras com menos de 5 anos apresentam quadro de anemia. Essa é uma das conclusões da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), financiado com recursos do Ministério da Saúde.
O levantamento também analisou a deficiência de vitamina A e constatou a doença em 17% das crianças pesquisadas. Já a anemia em mulheres em idade fértil atingiu um índice ainda maior que o encontrado em crianças: 29,9%. No caso de deficiência de vitamina A entre mulheres, o índice nacional se fixou em 12,3%.
O Nordeste foi a região que apresentou os índices mais alarmantes de anemia entre crianças com menos de 5 anos e mulheres em idade fértil. Das crianças nordestinas analisadas, 25,5% apresentaram quadro de anemia. Já entre as mulheres com idade entre 15 e 39 anos, o índice de anemia atingiu 39,1%.
Já em relação à deficiência de vitamina A em crianças, o Nordeste, com 19%, divide a preocupação com a região Sudeste que apresentou um índice de 21,6%, fato que intrigou o Ministério da Saúde, pelo fato de a região Sudeste apresentar índices de desenvolvimento mais alto que outras regiões do país.
O resultado do Nordeste já era esperado, os estudos já demonstravam essa situação vinculada ao problema de acesso a alimentos e de problemas na variedade da dieta. Já em relação ao Sudeste, ainda precisamos fazer um estudo mais aprofundado. É uma região que enseja novas ações que serão discutidas com os gestores de saúde dos estados da região. É um caso a ser analisado com mais cuidado. Será necessário desenvolver ações específicas voltadas para essa região, destacou a coordenadora de Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcelos.
A pesquisa traz dados de 2006 e, embora esse levantamento já tenha sido realizado em 1986 e em 1996, é a primeira vez que o estudo contou com a análise do perfil nutricional do país por meio da análise laboratorial do sangue coletado de mais de 15 mil mulheres e 5 mil crianças, moradoras das cinco regiões brasileiras.
Devido à falta de dados, o Ministério da Saúde reconhece que não tem como verificar se a situação melhorou ou piorou, mas afirma que o levantamento servirá de base para ampliar as políticas de saúde. Essas políticas, atualmente, reforçam a necessidade de fortificação da farinha de trigo e milho com ferro e ácido fólico, substâncias utilizadas para o combate à anemia, além da distribuição nos postos de saúde de doses de vitamina A e sulfato ferroso para gestantes em pré-natal e crianças.
Até então não tínhamos estudos nutricionais que demonstrassem qual era o cenário nacional dessas doenças, que são a de maior prevalência no mundo. Essas doenças geram manifestações clínicas importantes como cegueira, atraso no desenvolvimento cognitivo, resposta imunológica diminuída diante de infecções, além de outros agravos que podem levar à morte, destacou Ana Beatriz Vasconcelos.
Para a coordenadora, a situação de anemia registrada entre crianças no Brasil ocupa uma posição intermediária de acordo com os índices catalogados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que assinala um índice de 20% a 39% para essa parcela da população. Já no caso das mulheres nordestinas, a situação é pior, e o país apresenta índices mais críticos.
O Brasil se situa em níveis moderados de acordo com a classificação adotada internacionalmente. Mas se observamos a situação das mulheres do Nordeste, já podemos observar que a região está saindo um pouco do nível moderado e entrando no nível grave, observou.
A pesquisa demonstrou ainda que a anemia é maior entre as mulheres negras e em crianças com idade inferior a 24 meses. Acreditamos que essa incidência tem muita influência no processo alimentar após o período de desmame ou de aleitamento. Isso demonstra a necessidade de uma orientação maior no período de inclusão de novos alimentos, destacou Ana Beatriz.
Fonte: Agência Brasil
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