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A avalanche de concursos autorizada nos últimos anos não só recompôs a burocracia, como também elevou pelo menos no papel a qualidade dos quadros da administração pública direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo. Dados do Ministério do Planejamento revelam que de 2003 a 2009, houve crescimento quantitativo e percentual de funcionários que têm no currículo segundo grau, graduação, título de mestre ou de doutor. Em contrapartida, a máquina viu cair em volume e em proporção a presença de analfabetos, alfabetizados sem escolaridade formal e pessoas com o primeiro grau completo ou em fase de conclusão.
O nível educacional do servidor melhorou porque apesar do aumento da oferta global de vagas que exigem apenas nível médio, a ampliação da rede de escolas técnicas e a criação de novas universidades federais turbinaram as estatísticas de admissão de mão de obra superqualificada. O reforço em áreas estratégicas como Receita Federal, Banco Central, advocacia pública e agências reguladoras também contribuiu para que o Estado confirmasse o salto.
Em seu primeiro ano de governo, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu com um contingente de 457.338 servidores. Desses, 375 (0,1%) informaram ao Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) ser analfabetos, outros 38.996 (8,5%) declararam ter o primeiro grau. Ainda em 2003, 196.414 pessoas (42,9%) disseram ter concluído a faculdade, enquanto que 18.013 (3,9%) e 21.421 (4,7%) se submeteram a cursos de mestrado e doutorado, respectivamente.
Neste ano de 2009, o perfil do servidor mudou. Os dados oficiais disponíveis para consulta na internet indicam redução no universo de pessoas com escolaridade precária e aumento no total de servidores com alguma formação acadêmica. O número de analfabetos, por exemplo, caiu para 131, assim como os que cumpriram apenas o primeiro grau (34.207 ou 6,3%). Os doutores são 36.921 (6,8%) e os mestres, 21.666 (4%). O total de servidores federais chega a 542.843 pessoas.
Bons serviços
Ainda que a formação do servidor tenha avançado, na média, em tão pouco tempo, os especialistas em gestão pública advertem que não basta saber: o profissional precisa colocar em prática o que aprendeu no banco da escola e ser cobrado a fazer isso. A contrapartida vai depender muito da motivação do funcionário. Conhecimento não é competência. Só o conhecimento aplicado é competência, explica Jorge Pinho, professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB). Na avaliação dele, a sociedade se apropria muito pouco dessa evolução qualitativa do quadro de servidores. As carreiras de fiscalização e controle são as mais bem aquinhoadas. A sociedade, realmente, vai ficar com uma beiradinha muito pequena desse processo, completa Pinho.
Fonte: Correio Braziliense
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