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Servidores públicos federais e trabalhadores de várias categorias, além de militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), participaram na manhã desta quarta-feira (24), em Brasília, de mais uma marcha nacional, organizada por centrais sindicais e outras entidades nacionais dos movimentos sindical, social e estudantil. Nem mesmo o sol forte e a baixa umidade que castiga o Distrito Federal nos últimos meses impediram que os trabalhadores, vindos de vários estados do país, andassem por toda a Esplanada dos Ministérios e participassem do ato em frente ao Congresso Nacional, onde deram um recado firme ao governo federal: que não pagarão, mais uma vez, a conta da crise econômica que que já está chegando por aqui.
As mais de 20 mil pessoas também vieram cobrar que o governo atenda as pautas encaminhadas pelos diversos setores da classe trabalhadora. No caso específico dos servidores federais, os manifestantes reivindicaram uma resposta definitiva às reivindicações gerais e específicas de cada setor, entregues em abril à ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Míriam Belchior. Entre os eixos, há os que pedem a retirada dos PLs, MPs e decretos contrários aos interesses dos servidores públicos (PLP 549/09, PL 248/98, PL 1992/07 e demais proposições); o cumprimento, por parte do governo, dos acordos firmados e não cumpridos; a paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; e a definição de uma política salarial permanente com reposição inflacionária, valorização do salário base e incorporação das gratificações.
Durante o percurso da marcha, várias lideranças sindicais fizeram intervenções criticando a política do governo de corte em investimentos no serviço público e nas áreas sociais, como Educação e Saúde. Os trabalhadores rurais, organizados naVia Campesina (que reúne MST, Movimento dos Atingidos por Barragem e Movimento dos Pequenos Agricultores) e que estão em Brasília desde o início da semana, cobram que o governo acelere a reforma agrária e dê prioridade aos agricultores atingidos por barragens, enchentes e chuva. Nesta terça-feira (23), cerca de 4 mil trabalhadores rurais ocuparam o Ministério da Fazenda, em Brasília. Não sairemos de Brasília sem termos nossa pauta garantida. Estamos firmes na luta com os trabalhadores do campo e da cidade, disse, de cima do carro de som principal, uma das lideranças da Via Campesina.
A coordenadora Jacqueline Albuquerque, que falou no ato em nome da Fenajufe, lembrou que os servidores do Judiciário Federal e do MPU estão há mais de cinco anos sem qualquer reajuste salarial e, por isso, participavam da manifestação em conjunto com as demais categorias do funcionalismo. O governo vem nos enrolando, dizendo que não há recursos para atender as reivindicações dos servidores públicos. Não podemos aceitar essas desculpas. Além disso, é preciso que fique claro que os trabalhadores não vão aceitar pagar pela crise e nem admitir os cortes e a retirada de direitos, disse Jacqueline, que também ressaltou a campanha específica da categoria em defesa dos planos de cargos e salários.
Em 2008, fizemos um acordo radical de que os trabalhadores não pagariam as conseqüências da crise. Agora, estamos ouvindo o velho discurso, dizendo que é preciso cortar gastos e investimentos com os trabalhadores. E a nossa resposta será, mais uma vez, com a luta nas ruas, disse o secretário geral da CUT Nacional, Quintino Severo. De acordo com o dirigente sindical, os trabalhadores já estão reagindo à política econômica do governo, com greves em várias categorias dos setores público e privado.
Perspectiva de construir greve geral
No ato nacional, vários dirigentes sindicais das entidades dos servidores federais ressaltaram a disposição de construírem uma greve geral do funcionalismo público federal para o mês de setembro, caso o governo mantenha sua política de reajuste zero. Atualmente, duas categorias importantes já estão com os trabalhos paralisados: os técnicos administrativos das universidades federais, da base da Fasubra, e os docentes e técnicos administrativos do ensino básico e tecnológico, reunidos no Sinasefe.
Servidores da base do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior) e da Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Federais) estão avaliando, em assembleias por todo o país, as propostas apresentadas pelo governo às duas categorias. Essa demonstração de força não pode parar aqui, nesse importante ato nacional. É preciso dar continuidade. O Andes vem realizando assembleias para avaliar a proposta do governo e decidir se entra ou não em greve, disse a presidente do Andes, Marina Barbosa, durante o ato em frente ao Congresso Nacional.
Na avaliação do coordenador geral da Fasubra Rolando Malvásio Júnior, a atividade de hoje foi importante, uma vez que contou com a participação de trabalhadores de vários setores. Essa manifestação deve ser vista como bastante positiva, principalmente nesse momento de acirramento total, quando o governo prefere optar pela política do Capital em detrimento dos interesses dos trabalhadores.
No momento, servidores de 49 universidades federais estão na greve, que teve início no dia 6 de junho. A principal reivindicação da categoria é a elevação do piso salarial para três salários mínimos, reajuste de 5% na progressão dos servidores e aumento no vencimento base. Como a greve da Fasubra foi judicializada, os servidores cumprem a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de manter 50% dos serviços.
Na base do Sinasefe, a greve, que teve início no dia 1º de agosto, já atinge 193 campings de Instituições Federais de Ensino (Ifets). Os servidores técnicos administrativos e docentes reivindicam 14,67% de recomposição da inflação dos últimos três anos, a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Educação e o cumprimento das cláusulas dos planos de carreira das categorias.
De acordo com o professor do Instituto Federal de Ensino Catarinense e membro do Comando de Greve de Santa Catarina, no último final de semana, em plenária setorial do Sinasefe, a categoria reafirmou que continuarão com movimento grevista enquanto o governo não atender às reivindicações dos servidores. O governo segue com a postura de não negociar com as entidades que estão em greve. Depois de mais de seis reuniões sem que o Ministério do Planejamento apresentasse qualquer contraproposta a nossa pauta, não restou outra saída que não a greve, disse Ricardo Velho, lembrando que, da mesma forma que tem feito com a Fasubra, o governo também não recebe o Comando Nacional de Greve do Sinasefe para discutir as reivindicações do setor.
Nesta quinta-feira (25), a Fenajufe realiza reunião ampliada, a partir das 10h, em Brasília. Até o momento, já foram inscritos 169 servidores, entre delegados e observadores. No encontro, a categoria vai avaliar o cenário que envolve as negociações referentes aos PLs 6613/09 e 6697/09 e discutir a possibilidade de deflagrar uma greve por tempo indeterminado em todo o país.
Da Fenajufe Leonor Costa
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