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Mercado

20 de julho de 2009 / Ver outras notícias: Ver todas

Embora o desempenho do mercado de trabalho no primeiro semestre deste ano tenha ficado acima das expectativas do início da crise financeira internacional, com melhora, ainda que lenta, nas taxas de desemprego e de informalidade, os rendimentos dos trabalhadores encolheram no período. Entre os meses de janeiro e maio, houve quedas contínuas na massa salarial, que acumulou perda de aproximadamente 3%.

Apesar do nível dos rendimentos no primeiro semestre de 2009 permanecer 4,2% acima do apurado no mesmo período de 2008, a margem de diferença vem caindo, tendo passado de 5,9% em janeiro para 3% em junho. A constatação é do Boletim de Mercado de Trabalho, divulgado hoje (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Nos últimos anos”, diz o boletim, “não há registro de queda do rendimento que tenha persistido por tanto tempo”.

De acordo com o pesquisador Lauro Ramos, editor do boletim, que é publicado trimestralmente pelo Ipea, o movimento se dá de maneira mais expressiva entre a população com níveis de escolaridade mais elevados. Aqueles que concluíram pelo menos o ensino médio tiveram seus rendimentos encolhidos em 3,9%. Essa parcela de trabalhadores representa o grupo com maior participação na população ocupada (57%).

Segundo Ramos dois fatores podem explicar esse comportamento: “O primeiro é que as pessoas com menor escolaridade, independentemente da crise, já vinham perdendo ao longo dos anos espaço no mercado de trabalho. Na hora da crise, como consequência natural, o ajuste é feito em quem vem ganhando espaço, ou seja, aqueles com mais escolaridade.”

O outro fator é que pode estar ocorrendo um processo de rotatividade nas empresas, acrescentou Ramos. “Algumas pessoas que ocupam há mais tempo seus postos de trabalho ou que têm salários melhores podem estar sendo dispensadas para dar lugar a outros trabalhadores com salários menores.”

Lauro Ramos considera a preocupante na medida em que os dados sugerem um possível desaquecimento do consumo das famílias. De acordo com o pesquisador, isso poderia dificultar uma recuperação da economia e do mercado de trabalho, que vai depender da velocidade da retomada dos investimentos.

“Em boa medida, o impacto da crise não foi tão forte no Brasil no primeiro semestre, porque o consumo das famílias serviu como espécie de pilar de sustentação para manter a economia aquecida. O alerta existe porque talvez esse mecanismo deixe de atuar com tanta força daqui para a frente para conter os estragos da crise na economia”, disse Ramos.

Ele observou, no entanto, que existem indicadores que abrem espaço para o otimismo. “Há uma série de indicadores, como o desempenho da Bolsa de Valores e a cotação do dólar, que apontam para um otimismo em relação ao ambiente econômico. Há motivos para crer que essa substituição do consumo das famílias por outros instrumentos possa acontecer em curto prazo.”

Fonte: Agência Brasil


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