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Mais um efeito da crise mundial para os trabalhadores. Além das demissões, cortes de direitos e salários, o assédio moral aumentou nos locais de trabalho, desde o final de 2008. Segundo o jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira [23], mais de mil trabalhadores entraram na justiça por assédio moral com o agravamento da crise. De acordo com a reportagem, a Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado de São Paulo [AATSP] estima que os mil profissionais associados ingressaram na Justiça com ao menos uma ação de assédio moral cada um. O número de consultas ao site www.assediomoral.org.br cresceu 20% e em alguns escritórios de advocacia a busca por informações sobre assédio moral aumentou 30% nos últimos dois meses.
Para Cláudio Klein, diretor da Fenajufe e ex-diretor do Sintrajud/SP, o aumento da incidência de casos de assédio moral no local de trabalho é um processo óbvio em tempos de crise. A tendência, com a crise, é piorar as condições dos trabalhadores em todos os setores, público e privado, diz. A explicação, segundo Klein, é que a classe dominante vai cobrar a fatura da crise dos trabalhadores e o assédio tem sido mais um mecanismo para isso: Trata-se de uma ferramenta muito eficaz para aumentar ainda mais a exploração sobre o trabalhador.
O trabalhador assediado é submetido a repetitivas humilhações, que levam ao sofrimento. Não é um fenômeno novo e o objetivo é levar o trabalhador a se demitir. Um exemplo de como o assédio tem sido utilizado durante a crise é a pressão que ocorreu na fábrica Schrader, em Jacareí. Segundo o Sindicato dos lúrgicos de São José dos Campos e Região, a fábrica pressionou os trabalhadores para que assinassem acordos para diminuir direitos e salários com ameaças e pressão psicológica no local de trabalho.
Klein compara a situação ao século 19. É como se fosse o chicote do feitor da era da tecnologia da informação. Enquanto os trabalhadores vivem esse clima de terror, Klein lembra que para alguns a crise passará despercebida. Para os trabalhadores só restarão os males: desemprego, humilhações, sofrimento, comenta.
Os trabalhadores do Judiciário Federal já sofrem com o assédio moral. Pesquisa realizada pelo Sintrajud em 2007 revelou que 85% dos servidores acreditam que existe assédio no Judiciário e destes, 76% já presenciaram um tipo de assédio. O servidor também sentirá o efeito no próprio trabalho, principalmente os da Justiça Trabalhista. Para César Lignelli, advogado do Sintrajud, é uma teia de cobranças, onde o servidor é o alvo final. Os trabalhadores buscam no Judiciário seus direitos. A cada caso de assédio que não é levado ao Judiciário é um elemento a mais de força para o assediador que vai se sentir respaldado. Vai aumentar o volume de processos e, com a política dos tribunais de exigência de cumprimento de s, os servidores ficarão sobrecarregados e pressionados, afirma.
Fonte: Sintrajud/SP/Adriana Delorenzo
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