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Um pacto para que os deficientes físicos possam provar que são capazes de participar de uma seleção competitiva no mercado de trabalho e não apenas de entrar nesse mercado por meio da Lei de Cotas foi proposto nesta quinta-feira (4) pelo cadeirante e estudante de Jornalismo Eduardo Purper, em audiência pública no Senado. Ele pediu aos parlamentares que fiquem atentos à importância da valorização dos deficientes como profissionais contratados por sua capacidade, e não apenas devido a uma exigência legal imposta aos empresários.
– O meu sonho é poder participar de uma seleção competitiva, para que eu tenha a oportunidade de mostrar o Eduardo jornalista e não o Eduardo deficiente. Costumo dizer que eu não tenho nada, pois a cadeira de rodas apenas faz parte de mim. Eu tenho muito a dar – afirmou o estudante, que se graduará em Jornalismo no dia 18 de julho de 2009, mas já vem atuando na rádio da universidade em que estuda.
Eduardo Purper foi um dos palestrantes da audiência pública realizada pelas Comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Assuntos Sociais (CAS), para discutir a capacitação para o trabalho e a empregabilidade da pessoa com deficiência. O debate faz parte das atividades promovidas pela 4ª Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência.
O deficiente visual Paulo Brandão, funcionário da Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen), declarou na audiência que sempre encarou sua deficiência como algo desafiador, que trouxe a ele a “eficiência da disposição”.
– Quando decidi encarar a minha deficiência dessa forma, resolvi que não permitiria que a sociedade, como uma organização cheia de deficiências, me impusesse as suas vontades e preferências – declarou Paulo Brandão.
Para ele, essa resistência da sociedade em aceitar os deficientes pode ser vencida com diálogo, na medida em que os portadores de necessidades especiais possam provar que são capazes.
– Eu não quero oportunidades concedidas pela sociedade, mas sim trocar oportunidades com a sociedade – concluiu Paulo Brandão.
Cão-guia
Introduzido na audiência pública por um cão-guia, o assessor parlamentar Luciano Ambrósio Campos, que trabalha no gabinete do senador Paulo Paim (PT-RS), explicou que está em processo de treinamento para que possa, a partir da próxima semana, retornar ao trabalho com a ajuda do animal. Ao se declarar “muito feliz” com a novidade, ele foi enfático no seu depoimento.
– É um ganho de autonomia na vida da gente – disse ele, que estava acompanhado também por seus dois instrutores.
Defensor dos direitos das pessoas com deficiência, o ator Marcos Frota, também presente à audiência, lembrou que o Brasil tem cerca de 25 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de necessidade especial. O artista lembrou que muito se tem discutido sobre a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho, mas alertou para o fato de que nem todos desejam atuar numa profissão formal.
– São verdadeiros anjos que vieram numa missão de resgate. Exigir deles que atuem no mercado de trabalho pode estar distante da missão para a qual vieram – declarou Marcos Frota.
A Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência foi lançada em 2005 no Senado e sempre contou com o apoio e a presença de artistas e representantes de movimentos sociais, com o objetivo de discutir estratégias de inclusão do portador de deficiência na sociedade.
Fonte: Agência Senado
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