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A crise financeira prevista para atingir o Brasil com a força de uma marolinha deverá provocar o adiamento do reajuste salarial dos 1,15 milhão de servidores públicos federais no País.
A queda de 7,6% na arrecadação tributária no mês de janeiro em comparação com o mesmo período do ano passado faz com que o Governo Federal estude a necessidade de adiar o pagamento do acréscimo salarial, previsto inicialmente para sair entre os meses de abril e julho, dependendo da categoria. A decisão de adiar ou não deverá sair até o fim deste mês. A possível nova data será negociada.
No Ceará, 41,2 mil trabalhadores serão atingidos pela decisão de adiar ou não o reajuste. Os percentuais que variam de acordo com cada categoria já estão definidos para os próximos dois anos, com data marcada para incidir no contracheque dos servidores. Entretanto, agora o Executivo teme que, por conta da diminuição na receita, a meta de superávit primário (economia feita para o pagamento de juros da dívida), estipulada em 3,8% do PIB, não consiga ser atingida. Na lógica do Governo, aumentar os gastos nesse momento poderia piorar a situação.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento, no entanto, a possibilidade de estender o prazo do reajuste já havia sido pensada. Quando se planejam despesas de longo prazo, é necessário fazer esse tipo de previsão. Ainda mais na situação econômica em que estamos, justificou um dos assessores do órgão. O desgaste político que poderá vir à tona caso a equipe do presidente Lula (PT) tenha de remanejar o calendário da remuneração parece não estar causando dores de cabeça. O interesse no bem coletivo, e não apenas na satisfação dos funcionários públicos, deve ser uma das justificativas usadas, segundo informações da pasta do Planejamento.
Congresso
No âmbito do Legislativo, o clima também é de tranquilidade. A oposição não tem moral nenhuma para reclamar disso. Passaram anos sem dar aumento a servidor e agora vão querer falar mal?, questionou o deputado federal José Guimarães (PT).
O parlamentar afirmou, ainda, que o assunto tem sido pauta no Congresso inclusive com propostas alternativas ao adiamento. É possível fazer um escalonamento do reajuste. Mas talvez isso nem seja preciso. Em janeiro já tivemos um aumento na produção industrial que pode aquecer a economia, tranquilizou.
Menos otimista está Raimundo Gomes de Matos (PSDB), raro integrante da oposição na bancada federal do Ceará. Para ele, faltou planejamento. É preciso que se defina uma política séria para os servidores. Há áreas em que faltam profissionais por causa do desestímulo salarial, indignou-se. O tucano disse que, no dia 20 de março, o PSDB irá se reunir em Brasília para discutir propostas a serem apresentadas caso o Executivo decida adiar o reajuste.
Fonte: Jornal O Povo
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