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Aqui no Brasil não temos o hábito saudável de participar das decisões que afetam as nossas vidas. Não comparecemos nas reuniões de condomínio, nem nas reuniões da Associação do bairro. Quem aqui já foi assistir a uma sessão da Câmara de Vereadores de sua cidade? Alguém de nós já foi à Assembléia Legislativa em São Paulo assistir uma votação? Conto nos dedos. Assistir uma sessão da Câmara ou do Senado então, nem se fala. Aqui na Terra de Santa Cruz (merecia ser terra do santo calvário) a gente mantém saudável distância das instâncias decisórias. O mar de Brasília não anda muito bom pra peixe. Só pra tubarão.
Temos, enfim, o costume de ir às urnas e votar de quatro em quatro anos. E rezar para que um possível salvador faça neste período tudo o que deixamos de fazer em uma vida inteira.
Corta.
Nos tribunais, o mandato do possível salvador é metade dos quatro anos que os outros salvadores da pátria têm. Dois anos. Mas tem um agravante: Nós, servidores, não podemos votar no presidente. Os juízes também não. Somente os desembargadores podem. E estes tem que fazer a sua difícil escolha sem ter oportunidade de conhecer em detalhe os programas de governo dos candidatos. Além disso, nem todos os desembargadores podem ser candidatos, somente alguns, segundo complexas regras. Engraçado, não é? Em uma democracia, quem pode votar também deve ter o direito de ser votado.
Bom, superada esta fase da votação, o salvador eleito para presidir um tribunal tem dois anos, exatamente dois anos para corrigir 500 anos de desacertos. Mas no primeiro ano, o presidente eleito tem que arrumar a casa. E no segundo, tem que lidar com a fogueira das vaidades de sua sucessão. Não se admite reeleição. Como cumprir o programa? Deixa pra lá, é melhor ir resolvendo os problemas conforme eles aparecem, e depois passar a bola para o sucessor. Não tem problema, dois anos passam rápido!
Já é hora de alguém falar neste assunto: Eleições diretas para presidente de tribunal, qualquer tribunal. Todos têm o direito de votar: Servidores, Juízes e Desembargadores. E o mandato deve ser de quatro anos, tempo razoável para implementar um verdadeiro projeto de administração.
Enquanto não mudarmos esta situação, continuaremos esperando um salvador.
Vejo você na próxima Assembleia do Sindiquinze.
Joaquim Castrillon – presidente do Sindiquinze
presidente@sindiquinze.org.br
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